segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Sonhos que podemos ter...

Aaaa, infância... Como é bela, como foi bela.

Lembro-me de quando mamãe me levava ao parque com meu irmão mais novo, e la ficávamos a tarde toda, e até ela se divertia com a gente. Quando me machucava, saia chorando para mostrar o machucado para minha mãe e ela me pegava no colo, pedia para eu me acalmar e falava:
-É só a mamãe da um beijinho que jajá vai sarar.
E eu sorria entre as lágrimas e logo voltava a brincar. Quando voltávamos para a casa, era direto para o banho porque queria que depois (o mais rápido possível) papai fosse nos colocar na cama e nos contar uma história. Mas antes da história, tinha o jantar. Eu e meus irmãos já sabíamos: tínhamos que comer toda a comida, caso contrario não teria sobremesa. E assim fazíamos.
A hora da história era um dos momentos mais legais para mim. Meu pai vinha, escolhia um dos livros da estante e começava a ler. Às vezes ele nem pegava um livro, contava uma história direto da sua cabeça. Eu sabia que assim que eu e meus irmãos já estivéssemos dormindo, papai pararia a história e ia dar boa noite e um beijo em cada uma de nós separadamente. Sabendo disso, na maioria das vezes (quando eu aguentava) ficava acordada com os olhos fechados esperando por esse momento. Ele vinha me dizer boa noite e muitas vezes eu não resistia e dava um abraço em meu pai. Um pouco assustado por eu ainda estar acordada, papai me dava um beijo na testa e dizia:
-Miky, eu te amo minha filha.
-Também te amo papai.
E quando eu tinha pesadelos? Sonhava que monstros estavam de baixo da minha cama e iriam me pegar. Acordava assustada e ia direto para o quarto dos meus pais. Me aninhava no meio dos dois enquanto minha mãe me acalmava e dizia que ia ficar tudo bem. Nunca me deram bronca por isso.
Aaaaa, e quando papai me carregava nas costas pela casa, fingindo que era meu belo cavalo e me levaria para onde eu desejasse ir. Quando se cansava, me deixava no chão e ia se sentar, e eu corria para o fora para brincar com meus irmãos.
Ah quanta saudade de tudo isso. Saudade de brincar na terra e depois pedir para tomar banho de mangueira. Saudade das idas ao parque com a mamãe, das histórias e a brincadeiras do papai.
Mamãe e papai me consolando de algo, de um machucado ou pesadelo, sempre me dizendo "eu te amo". Como foi bom.


Ei! Mas essa não é a minha história! Essa não é minha infância. Minha infância não foi assim.
A infância de qualquer criança de um filme americano, talvez até de alguém por ai.
Nunca ouvi um "eu te amo" nem do meu pai, nem da minha mãe. Não foi tudo perfeito assim. Não seria bom se fosse assim, como naqueles filmes em que é contado por um adolescente com suas duvidas, ou um adulto parando para lembrar-se de sua infância? Talvez.
Não reclamo da minha.


Mas em filmes assim, nunca foi o meu lugar....

Por: Miky Verloren

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